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Writer's pictureArmazém Mauá

Porque se apaixonar pela fermentação natural?

Updated: Mar 3, 2022

Se hoje falar de pão é manchete, podemos dizer que os “humilhados foram exaltados” – afinal, não era a gente na fila da padaria reclamando do preço do pão francês?

A farinha por exemplo, que há muito tempo é a base alimentar para a população nacional, nunca foi tão discutida. É qualidade pra cá, resultado pra lá, letras e números soltos que provavelmente até ontem não tinham espaço reservado na sua mente. Mas calma, não viemos aqui falar de farinha (ainda).

Vamos falar de pão. Mais especificamente, a febre do pão.

Nas redes sociais, há uma sensação de que todos sabem uma fórmula perfeita para um pão mágico, aquele do tipo que se sonha: lindo, fácil, saboroso, crocante e aromático.

Uma fórmula perfeita e de resultado garantido – se não deu certo, você fez algo errado. Tipo as fórmulas de como ser feliz, de como ser saudável, de como ser bonito, de como ser profissional, de como ganhar dinheiro. Fórmulas, fórmulas, fórmulas.

Como se a vida fosse que nem aquela receita de bolo da vó que nunca da errado… Pera aí, solou.

Em tempos de fórmulas perfeitas, moldes, regras, respostas e imediatismo, fazer pão não é A+B.

O movimento de resgate à “mão na massa” e processos artesanais, não só no segmento da panificação, é uma tentativa de fortalecer a conexão entre o ser humano e o alimento. Não se engane: a tecnologia, industrialização e avanços modernos são extremamente necessários, mas até que ponto perdemos a mão e bagunçamos o processo inteiro?

A alimentação é sim um ato político, não falando de partidos ou personalidades, mas sim de esferas econômicas, sociais e ambientais. O que você escolhe consumir impacta diretamente um sistema muito maior do que você.

Mas calma, e o pão? Sim, o processo da fermentação natural não caiu a toa nas graças de todos.

É um processo que cativa quem busca desafios. É uma aventura que toma conta de quem se entrega, pois é mais do que fórmula, lógica ou matemática. É sobre usar sentidos, testar a paciência, respeitar o tempo, a natureza, reconhecer erros, acertos e, principalmente, exercitar tudo isso não só dentro, mas também fora da cozinha.

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